Não é de hoje que Anitta avisa que sua aposentadoria virá cedo. Na entrevista concedida ao Fantástico no último domingo, ela deixou muito claro que não vê a hora de ser apenas a Larissa, longe dos holofotes e da badalação. Tem até livro no cronograma, sem contar uma relação estável com o jogador Vinicius Souza

Esse texto não é uma crítica, é mais uma observação sobre os rumos de sua carreira nos últimos anos. Observação que, aliás, já tinha sido feita nesse espaço e que ganhou como “aliada” o anúncio do álbum Ensaios da Anitta, em que ela celebrará o Carnaval brasileiro em todas as suas vertentes, em português, e com as colaborações já reveladas de Ivete Sangalo e Simone Mendes.

Se no fim da semana passada a expectativa era de que o A7 fosse um disco de reggaetón, a guinada de 180 graus mostra que Anitta, além de imprevisível a cada lançamento, é uma fonte inesgotável de caminhos.

A linha de raciocínio recorrente sobre a ora funkeira, ora reggaetonera, ora carnavalesca artista, é de que ela “atira” para todos os lados: o que acerta o alvo, ótimo. O que não acerta fica esquecido em uma gaveta e pronto. A cantora não é obcecada por hitar; ela é uma workaholic viciada em lançar, não importa o quê.

E é aqui o ponto em que a gente desvia das últimas críticas. Se no passado Anitta sofria pela falta de conceito dos seus trabalhos, o mesmo não pode ser dito sobre seus últimos projetos discográficos. Tal e qual o Funk Generation, Ensaios da Anitta virá formatado. Há uma história a ser contada. Há uma mensagem a ser passada.

A razão de singles desconexos no meio do caminho é que ainda gera o ponto de interrogação.

Se a ideia é desacelerar, jogar tantas músicas no mercado parece mais o cumprimento do contrato com a gravadora, pura e simplesmente. Quem consegue citar os últimos cinco lançamentos da Anitta de cabeça, sem consultar o Spotify? Acho que nem o anitter mais fanático é capaz de tal proeza.

Seus últimos anos foram de mais quantidade do que qualidade, com excelentes exceções, diga-se de passagem. Envolver e Mil Veces estão aí para contar história.

Está claro que a Larissa mais do que a Anitta tem mais apreço pelos trabalhos longos, pelas histórias e, principalmente, quando tem música brasileira envolvida. O mercado internacional, por incrível que pareça, está mais aos seus pés do que o nacional. Então, ela mira para nós, mais uma vez. Se vai dar certo, nem ela mesma sabe. Mas que ela está disposta a espremer até a última gota desse caldo antes de deixar o microfone de lado, isso está cada dia mais evidente.

E, em se tratando de Anitta, a gente já entendeu que pode tacar hate o quanto quiser: tarefa dada é tarefa cumprida.

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