O Rock In Rio 2024 terá um dia dedicado à música brasileira, sem artistas internacionais, no dia 21 de setembro. Vão se apresentar artistas de sertanejo, samba, MPB, bossa nova, música clássica, rap, trap e pop nacional. O anúncio aconteceu nesta segunda-feira (29) e representa um tiro no pé do festival, que perde sua identidade na tentativa reacionária de fazer algo que nem Jesus conseguiu: agradar todo mundo.

Veja bem, o problema vai muito além dos gêneros ou dos nomes contemplados. O formato mais se assemelha a um casting de reality show do que ao evento que tem a alcunha de maior festival do mundo. Os shows vão acontecer de forma simultânea. Cada palco vai rolar com suas atrações ao mesmo tempo. Cada artista vai fazer três ou quatro músicas durante shows de 1h30 ou 2h, para cada gênero musical. Os artistas estarão divididos em grupos.

Carinha de concurso de calouros, não é?

Particularmente, vejo até como salutar a inclusão de nomes importantes do cenário nacional dentro do line-up. Até mesmo o sertanejo, principal alvo de críticas do público mais conservador, merece há tempos algum espaço. Lá no Sunset, quem sabe. Ou no antigo Supernova (quem lembra?), que trazia muitas atrações latinas, inclusive. Afinal, a proposta é não ter fronteiras, certo?

Se Ana Castela é a artista mais ouvida do Brasil, é justo que seu nome apareça em alguma noite, mesmo que não seja unanimidade. Chitãozinho & Xororó podem cantar Evidências em algum momento do festival, por que não? Zeca Pagodinho? Cairia muito bem para abrir uma tarde de música animada. Sabe as letrinhas miúdas de qualquer line-up? É sobre isso.

Não é rebaixar os artistas brasileiros, longe disso. É emocionante saber que Alcione está naquela lista (nem tão seleta assim). A questão é a completa descaracterização do produto. O Rock In Rio é um evento caro em que as pessoas buscam os shows que normalmente não passariam por aqui. Todos os nomes anunciados hoje são acessíveis em determinado momento do ano, com suas próprias turnês, cantando um set completo. Faz muito mais sentido pagar para assistir à produção de nível internacional do Jão, por exemplo, do que vê-lo em uma apresentação relâmpago.

Não bastasse o completo erro estratégico, a produção falhou na escolha dos nomes. Inconcebível que a Fresno, com o melhor disco nacional de 2024, Eu Nunca Fui Embora, não esteja nessa lista. A própria Anitta, cujo mal estar com a organização já transcendeu os bastidores, deveria marcar presença.

Na tentativa de inovar, o Rock In Rio se transformou numa miscelânia em que ninguém vai cantar nada. Simples assim. Resta saber se alguém vai pagar para ver, literalmente, o Programa Raul Gil a preço de Coachella.

O Rock in Rio 2024 acontece nos dias 13, 14, 15, 19, 20, 21 e 22 de setembro de 2024, na Cidade do Rock, na Zona Oeste do Rio. Os ingressos ano estarão a venda a partir do dia 23 de maio, exclusivamente no site.

Veja como ficou o Dia Brasil do Rock In Rio

Sertanejo (Palco Mundo)

  • Chitãozinho e Xororó
  • Orquestra Heliópolis
  • Ana Castela
  • Luan Santana
  • Simone Mendes
  • Junior

MPB (Palco Mundo)

  • Baianasystem
  • Carlinhos Brown
  • Daniela Mercury
  • Majur
  • Margareth Menezes
  • Ney Matogrosso

Samba (Palco Sunset)

  • Zeca Pagodinho
  • Alcione
  • Diogo Nogueira
  • Jorge Aragão
  • Maria Rita
  • Xande de Pilares

Rock (Palco Mundo)

  • Capital Inicial
  • Detonautas
  • NX Zero
  • Pitty
  • Rogério Flausino
  • Toni Garrido

Pop (Palco Sunset)

  • Duda Beat
  • Glória Groove
  • Jão
  • Luísa Sonza
  • Lulu Santos

Trap (Palco Mundo)

  • Cabelinho
  • Felipe Ret
  • Kayblack
  • Matuê
  • Orochi
  • Ryan SP
  • Veigh

Rap (Palco Sunset)

  • Criolo
  • Djonga
  • Marcelo D2
  • Rael
  • Karol Conká

Bossa Nova (Global Village)

  • Bossacucanova
  • Leila Pinheiro
  • Roberto Menescal
  • Wanda Sá

Música Clássica (Espaço Favela)

  • Nathan Amaral
  • Orquestra Jovem da Sinfônica Brasileira

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