Em abril, durante a coletiva de lançamento do álbum Funk Generation, Anitta disparou: “A gente está pensando em como fazer isso acontecer [um grande show no Brasil]. Uma coisa é fazer shows pequenos como estamos fazendo em outros países. Esse evento maior requer tempo e estrutura, e a galera não está muito a fim de pagar para ir em eventos desse tipo”. E foi, como sempre, detonada.

Nesta segunda-feira, Ne-Yo anunciou única apresentação no Espaço Unimed, em setembro, com ingressos entre R$ 180 e R$ 930, abrindo uma leva de shows que devem ser anunciados pelas atrações do Rock In Rio fora do festival no mesmo mês. Em outubro, Bruno Mars fará 11 concertos pelos país. Niall Horan já está confirmado, enquanto seu colega de One Direction, Louis Tomlinson, circulou por aqui em maio. Mariah Carey está com ingressos à venda em SP. Olivia Rodrigo deve fazer sua estreia em território brasileiro ainda em 2024. O nome de Adele é outro que circula nos bastidores. Ed Sheeran? Cindy Lauper? Kate Perry? Shawn Mendes?

No mundo latino, J Balvin, Laura Pausini, Luis Miguel, Andrea Bocelli, Karol G e Danna já trouxeram suas turnês ao Brasil neste ano. Shakira deve ser a próxima a vir nesta temporada. Maluma chegou a ser anunciado por José Norberto Flesch. É bom ver essa agenda cheia, não?

Mas o sinal vermelho foi aceso quando Ivete Sangalo e Ludmilla cancelaram suas turnês gigantescas pelo país. As artistas alegaram que a produtora 30e não estava cumprindo o contrato. A empresa disse que faltou demanda. Um contra-ataque com uma equação muito simples: sobram eventos, falta dinheiro. E planejamento. E bom senso.

Shows e economia

Pesquisa do Serasa apontou recentemente que 70% dos brasileiros não pagariam mais que R$ 300 em um show. A questão é que pós-pandemia, justamente quando os bolsos estão mais quebrados, as organizadoras perderam a mão na precificação. Querem exemplos? Na mesma casa paulistana em que se apresentará Ne-Yo, em 2017, o show de Enrique Iglesias estava tabelado entre R$ 160 a R$ 480. Um ano depois, no mesmo local, Luis Fonsi cobrou módicos R$ 60 a R$ 200.

No que provavelmente foi o último show internacional da casa antes da Covid-19 parar tudo, a apresentação de Eros Ramazzotti saiu entre R$ 170 a R$ 650.

A gente tenta, então, buscar explicações na economia: a taxa de inflação registrada em 2020 foi de 4,52%, superior ao centro da meta fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), e superior também à taxa de 2019 (4,31%). A inflação em 2021 foi de 10,06%, 5,54 pontos percentuais superior à verificada no ano anterior. E em 2022:  5,79%. Mesmo avançado em ritmo mais lento em 2023, os números ficaram em 3,69%. Nenhum salário foi reajustado nesses índices.

Os números dão um pouco de sentido à alta, mas no cenário atual seria preciso bom senso para não arrebentar com a economia dos fãs. É comum acompanhar no Twitter fãs desesperados por não conseguirem acompanhar seus ídolos e pedindo para que os eventos sejam adiados para o ano que vem, justamente para dar um respiro aos bolsos.

Enquanto isso, um show suntuoso e 10/10 como o da Karol G, no início de maio, teve 60% de lotação e houve quem falasse em fracasso de vendas. Exigir sold out com essa fartura de opções – e escassez bancária – é o primeiro pensamento a ser mudado. Colocar 9 mil pessoas em um lugar em que cabem 15 mil é sucesso, sim. Como fechar a conta tem que ser um problema das produtoras, não do público.

Se mantivermos o ritmo, sem adequações, 2025 promete ser um ano vazio.

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