A União Europeia de Radiofusão (EBU), enfim, soltou um comunicado oficial sobre o assunto da semana de ensaios para o Eurovision Song Contest: o Sol que foi “vendido” como principal elemento cênico do palco em Turim pode até girar, mas não será usado pelos 40 países que disputarão o título do festival.

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De acordo com a entidade, a engrenagem não funciona com tempo hábil para troca de cenário nos intervalos e, para preservar os países, ninguém terá permissão para utilizá-lo. Apenas convidados como Diodato, Il Volo ou Maneskin poderão trabalhar com a peça.

A questão é que não há proteção ao espetáculo. Não foram poucos os competidores que tiveram suas apresentações pensadas e ensaiadas com o Sol como protagonista. Romênia é o exemplo mais clássico do prejuízo que esses países já sofrem antes mesmo das performances oficiais: Wrs, o artista romeno, leva um letreiro com Hola Mi Bebébé (refrão da música) que fica parcialmente escondido atrás do arco imóvel.

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A Dinamarca é o país que vem com as críticas mais veementes e cobra uma postura da EBU sobre o ocorrido. A delegação dinamarquesa revelou que três dias antes de seu primeiro ensaio, no fim de semana, a peça fazia parte do roteiro cenográfico italiano. A organização do Eurovision retrucou e disse que os países foram avisados em 27 de abril que havia problemas no palco. Malta também faria uso do arco, assim como a Lituânia.

Não importa se foi há uma semana ou duas: fato é que a falha mecânica já deixa muitos países em desvantagem. E pior do que o ocorrido em si, é a tentativa desesperada de parte da imprensa e dos organizadores de esconderem a cronologia dos acontecimentos e não apresentarem um plano B ao show.

A falta de transparência colocou em xeque, inclusive, quem noticiava que o Sol apresentava problemas desde o primeiro dia de ensaios e que as chances de uma resolução até o dia 10 de maio, na primeira semifinal do Eurovision 2022, eram remotas.

O Sol que não gira é apenas a cereja do bolo de uma organização desastrada nesta temporada. A Itália, credenciada pelo impecável Festival de Sanremo, pecou na comunicação com o público eurovisivo desde a atrasada venda de ingressos, que começou apenas no dia 7 de abril, pelos preços quase impraticáveis – mesmo que os bilhetes tenham se esgotado em menos de uma hora, pela falta de critério para as credenciais de imprensa e, agora, para colocar em pratos limpos as questões do cotidiano do evento já em curso.

Não bastasse, a fan fest, cujo início está previsto para sábado no Parco del Valentino, ainda não tem seu palco montado. Tudo feito às pressas e com muita coisa jogada para debaixo do tapete, deixando a tarefa de fugir dos estereótipos de desorganização do país sede cada dia mais complicada. A tentativa de censura “extraoficial” à coreografia da albanesa Ronela Hajati tampouco será esquecida.

O show vai compensar, os artistas farão sua parte e, sem dúvida, nenhum eurofã sairá do Pala Alpitour insatisfeito. No fim, tudo se ajeita. Mas um evento da magnitude do Eurovision não pode ser “ajeitado”, precisa ser azeitado, feito na medida para que nada saia errado. E no afã de passar pano para si dizendo que não acionará o Sol para nenhum concorrente, a EBU (e a RAI, emissora estatal italiana) só evidenciam que muitas delegações já foram prejudicadas, passe o que passar com os resultados.

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