Jogamos a pergunta na rodinha durante a semana: qual é a melhor música do vasto repertório da Laura Pausini? Em um primeiro momento, deixamos a votação aberta para todo o catálogo da italiana. Depois, fechamos uma enquete com as quatro mais votadas. Para surpresa de todo mundo, La Solitudine, lançada há 30 anos, ainda é a favorita dos fãs brasileiros, com 61,9% dos votos no Twitter, 45% no Instagram.

O resultado abre algumas discussões. A primeira delas paira sobre a renovação do público da artista no Brasil. Outro dia, um grupo de amigas da minha filha (Laura, não por acaso) estava na minha casa falando de amenidades e me perguntaram qual o melhor show que eu tinha visto na vida. Em choque, ouvi quatro delas dizerem que não conheciam La Pausini.

Fato é, então, que há uma lacuna geracional que não acompanha mais o trabalho do maior nome do entretenimento italiano do século. Falta promoção no Brasil. Uma ida ao Altas Horas a cada 3 ou 4 anos não são suficientes para manter-se em voga. A “culpa”, no caso, recai sobre a gravadora (Warner Music), que tem falhado sistematicamente neste quesito.

Presenciei o mesmo fenômeno quando Alejandro Sanz veio fazer uma participação no show da Ivete Sangalo e escolheu Quisiera Ser para a nova parceria. No gramado do Allianz Parque, ouvi alguns jovens dizerem que preferiam ver Leo Santana novamente no palco. E arremataram: “se ainda cantasse a única música famosa, aquela do coração”, em referência a Corazón Partio.

La Solitudine é, quiçá, a primeira música que pensamos ao ouvir o nome Laura Pausini. É automático. Quase como começar a cantar “Marco se n’è andato e non ritorna più, e il treno delle 7: 30 senza lui…” De certo, inclusive por sua personalidade, falar de seu primeiro hit não incomoda a artista, mas é igualmente correto afirmar que toda promoção que ela vem fazer no Brasil acaba girando em torno do passado, não do presente e futuro. Por isso, La Solitudine gruda mais na cabeça do que outros hinos de seu repertório, como as “finalistas” Invece No, Resta In Ascolto e Vivimi.

Talvez a resposta esteja na memória afetiva.

Talvez esteja na repetição exaustiva.

Deixando os “poréns” de lado, a questão é: como escolher uma única música da Laura Pausini? É possível apostar a melhor em três décadas de um repertório brilhante? Acho que não. Nós temos as favoritas, não necessariamente as melhores.

Se me perguntasse hoje, agora, eu colocaria La Solitudine no meu TOP 10, sim. E muito por aquilo que citei acima: a música foi lançada quando eu tinha 12 anos e era uma ouvinte ávida de rádio naquela época. Era quase um ritual tocar Laura Pausini e, em seguida, Catedral, da Zélia Duncan. Sou capaz de relembrar momentos em que isso aconteceu com imagens vívidas, como se tivesse acontecido há cinco minutos.

Essa, muito provavelmente, seja a intenção inicial desse texto. Que muitas outras gerações possam ter essa sensação de déja vù com outras canções da Laura. Ontem, preparando o jantar, botei para tocar o Fatti Sentire, já antigo com seus cinco anos de lançamento, e pensei que só dali seria capaz de apontar 5 ou 6 músicas que seriam as melhores das carreiras de muitos outros artistas.

Laura Pausini tem tantas e tantas e tantas boas canções que essas acabam virando coadjuvantes: Non è detto, Frasi a metà, Le due finestre, La soluzione, Il coraggio di andare, e muitas outras. E estou citando apenas um disco. Tra Te E Il Mare, Come se non fosse stato mai amore, La geografia del mio cammino, Primavera In Anticipo, Casomai, Strani Amori, In Assenza Di Te, Seamisai, Le Cose Che Vivi, Incancellabile, Gente, e uma infinidade de música boa estão nos demais.

La Solitudine não é a melhor música da Laura Pausini, mas está entre as melhores. Quantas melhores? Impossível indicar. A minha favorita? Invece No. Então, essa é a melhor? Também não. Porque escolher a melhor está na categoria de missões impossíveis. O repertório é impecável.

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