A grande surpresa da edição de 2023 do Eurovision Song Contest tem nome e sobrenome: Blanca Paloma, a representante da Espanha com Eaea. Folclórica, a canção aparecia entre as cinco mais bem posicionadas nas casas de apostas durante toda a semana que antecedeu o festival.

Com um vocal potente, era considerada uma das favoritas para levar os votos do júri. Ficou com apenas 95, nono lugar na avaliação técnica. Boa, porém baixa para as pretensões da sua delegação e também do fandom.

O mais incrível veio do televoto: apenas 5 pontos e o inacreditável último lugar. Assim, a cantora nascida em Elche somou 100 pontos no total, 17ª posição na tabela geral de classficação.

O que explica o furor pré-Eurovision e o mau resultado no festival? Em outros casos, pode haver muitas variáveis, mas o que mostra a história espanhola é a falta de conexão do público em geral com o flamenco.

O eurofã tem mobilidade para aceitar muitos gêneros musicais. Mas a família sérvia ou austríaca ou holandesa, que está à mesa do jantar enquanto os participantes vão se apresentando, não. E na final é daí que vem a maioria dos votos, do público comum.

Historicamente, a Espanha não tem bons resultados quando aposta sua em sua música tradicional no Eurovision. Em 1983, Remedios Amaya zerou com Quién Maneja Mi Barca e, depois disso, país deixou de acreditar em suas raízes para o ESC.

O resultado não foi justo. Além do inegável talento de Blanca Paloma, que foi impecável em suas apresentações, a Espanha deve deixar seu folclore de lado por mais 40 anos. Serão anos e anos de “Chanéis” e pops genéricos. É inconcebível que, mesmo com todo o carisma de Tio Gustaph, Bélgica tenha ficado no sétimo lugar, 10 à frente da Espanha.

A rejeição do resto do mundo ao flamenco precisa ser estudada e essa conta não pode ser debitada da carismática Blanca Paloma, um dos personagens da temporada. O que deve ser levado em conta é a razão pela qual a delegação espanhola decidiu manter a puesta en escena do Festival de Benidorm, sabendo que os públicos são muito diferentes. Um outro jogo de palco poderia ter dado um destino diferente à Espanha.

E como fazer para casar essência, raíz e popularidade. Os balcânicos, por exemplo, o fazem muito bem. A Espanha precisa aprender.

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