Priscila Bertozzi 
Depois de quase 48 horas e algumas audições, já é possível dizer que Cerquita de Ti, a música inédita do RBD lançada na noite de quinta-feira (17), trouxe o frescor necessário ao repertório do grupo, principalmente na questão melódica.
O tema, muito provavelmente, não irá para a prateleira de cima de hits dos fãs nostálgicos, das antigas. Mas em uma sacada muito inteligente, diga-se de passagem, Christopher Uckermann (junto com Pambo, Nicole Horts, Ben Aler) fez um single para uma nova geração. Alguém que caia perdido na track em alguma playlist, mesmo sem nunca ter tido contato com o fenômeno RBD, pode se sentir atraído pelo som moderno e despretensioso do dembow dos novos versos.
Melhor ainda é dizer que foi um flerte com o gênero urbano sem se distanciar do pop característico dos anos 2000. A tentativa era agradar gregos e troianos. Os antigos e os novos. Fãs e mercado. Deu certo.
Porque mesmo às vésperas de uma turnê de reencontro, o RBD não pode ficar datado. Parado no tempo.
A música vislumbra presente e futuro, falando do passado. A letra é uma flechada certeira nos corações de quem espera por essa reunion há 15 anos, mas mostra, principalmente, que Uckermann, Anahi, Dulce María, Maite Perroni e Christian Chávez conseguem se encaixar na indústria fonográfica atual sem perderem a essência.
Siempre He Estado Aquí estava mais próxima do repertório antigo e, portanto, foi mais fácil para os fãs digerirem. Cerquita de Ti é para os charts atuais e, talvez por isso, tenha uma performance mais lenta do que sua antecessora.
O pecado é o excesso de autotune, tão comum nos dias atuais, e tão desnecessário para uma turma que comprovadamente sabe cantar. Não precisa. Manuel Lara, o produtor da música, precisar estar atento a esse detalhe para os singles vindouros.
Singles vindouros… futuro. A cada dia, o RBD fica mais perto de nunca mais deixar de ser um grupo atuante. Sem pausas e hiatos. E, agora, com um repertório que cabe na palma da mão do mercado atual.