Priscila Bertozzi 
Sim, a gente sabe que o Mäneskin, ainda que na memória afetiva e no papel, ainda segue em pé. Sim, falta o baixo de Victoria de Angelis, a guitarra de Thomas Raggi e até a bateria de Ethan Torchio. Mas é inegável que o pilar do grupo italiano estava na voz, no carisma e na versatilidade de Damiano David.
O artista estreou nesta quinta-feira, 24 de outubro, seu segundo single como solista. Born With a Broken Heart chegou para surpreender quem esperava uma balada como a “pioneira” Silverlines. Ou um rock pesado. A letra profunda veio acompanhada de um arranjo quase vintage, leve e despretensioso, deixando boquiaberto até quem acompanhou todas as prévias postadas nos últimos dias.
Damiano é um artista fora da curva, com perdão do clichê na descrição.
E mesmo sem nenhuma comparação necessária com os rumos tomados por sua colega Victoria neste período de entressafra do Mäneskin, é quem parece ter a exata noção de onde pisar para continuar a ter o mesmo sucesso – e respeito da crítica – sem o trio ao lado.
Maiúsculo, o vocalista de Roma dá a sensação de ter lido de forma precisa o mercado para ser popular sem cair na mesmice do pop contemporâneo; para obter números e chartear sem precisar deixar sua essência de lado. Sua participação no programa de Jimmy Fallon só comprovam que seu caminho é preciso nesta nova etapa.
E fica claro que Rush!, o último álbum da banda até agora, deixou seu imenso talento limitado apenas à adequação ao mercado anglo, sem espaço para expandir a própria arte, transcender o passado.
Se assim quiser, Damiano David é capaz de deixar o Mäneskin como coadjuvante em sua história. E reescrevê-la com ainda mais sucesso na jornada solo.
O discurso de que a vida como solista é só um passatempo tem dias contados.
Para ele, o futuro já chegou.