O Festival de Benidorm foi palco da surpreendente vitória de Chanel Terrero, que representará a Espanha no Eurovision Song Contest em Turim, no mês de maio, com SloMo.

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Longe de ser uma apresentação marcante como das Tanxugueiras (Terra) ou caricata como Rigoberta Bandini (Ay Mamá), a artista cubana de 31 anos venceu pela leveza. Sua performance está longe de ser original e pode ser mais do mesmo no evento europeu, ou pode, se bem elaborada, destacar-se em meio às outras propostas a depender da demanda de pop dançante neste ano.

Inegável é o fato de que Chanel é talentosa, sabe dançar e cantar sem perder o fôlego, e é dona de uma beleza hipnotizante. Impossível é negar a semelhança da proposta com Fuego, de Eleni Foureira, no ESC em 2018. A cipriota arrebatou o segundo lugar na ocasião.

A vitória de Chanel lança dois olhares distintos a Benidorm. O primeiro é de que o festival precisa ser mantido como seletiva espanhola para os próximos anos. Com boa produção e qualidade muito superior a outros programas de escolha para o Eurovision na TVE em anos anteriores, a competição colocou um pacote de boas músicas no mercado radiofônico espanhol e deu eco a novos artistas ainda novatos na indústria musical. Rayden, Varry Brava, Blanca Paloma, Gonzalo Hermída, serão hits nos próximos meses.

Para que se tenha uma ideia do alcance, a hashtag “BenidormFest” figurava entre os assuntos mais comentados do Twitter em São Paulo na noite de sábado, quando sua final foi realizada. Uma aposta acertada da emissora estatal, que tem lidado com a repercussão do resultado como jamais precisou fazê-lo antes.

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A explicação: ainda que justa do ponto de vista eurovisivo, a vitória de SloMo passa por questões políticas. Várias instituições da Galícia, casa das Tanxugueiras, pedem a revisão dos votos dos jurados. O trio venceu o televoto e o júri demoscópico, mas ficou com a quinta colocação entre os avaliadores técnicos, que são divididos entre espanhóis e internacionais.

Há também uma disparidade entre os jurados locais e os estrangeiros. Os “nativos” mostraram clara predileção por Rigoberta Bandini nas pontuações e só aumentaram os rumores de que Ay Mamá tinha a chancela prévia da TVE para ir à Itália. Para isso, é claro, o boicote à proposta galega seria a maneira encontrada para executar o plano sem falhas. Contudo, o júri internacional não comprou o feminismo estereotipado da catalã, dando a vitória a Chanel.

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A acusação de “xenofobia” por não quererem um representante galego e folclórico, peculiar, também paira sobre o resultado.

Tudo isso ainda não passa de elocubração e não deve mudar o resultado final, mas já abre a porta para mudanças no ano que vem. A organização, em nota oficial divulgada nesta segunda-feira (31), avisou que pode rever o sistema de avaliação em que o voto do júri representa 50% do total, enquanto o público divide entre 25% (demoscópica, por região) e 25% (televoto aberto) o restante das apostas.

Embora a matemática pareça perfeita, os jurados têm votação proporcional, enquanto o público pode dar apenas 5 pontos ao seu favorito. Confuso na explicação, execução e com grande margem para erros.

Na analogia do pepino, a Espanha mais uma vez fez a escolha pelo vegetal quando tinha seu prato mais tradicional e saboroso para a festa. No entanto, Chanel pode passar de pepino a gazpacho, uma iguaria mais sofisticada. Com revamp e alguns acertos da puesta en escena para deixá-la mais original, os espanhóis podem finalmente sair do bottom -5, a parte final da tabela, e almejar algo entre o TOP 15 e 20.

Com Tanxugueiras, o objetivo era o TOP 10. Com Rigoberta, a lanterna e os memes. Nesse cenário, a vitória de Chanel soa como o início de uma nova fase para a Espanha, enfim.

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