Falar em vitória moral pode soar como “prêmio de consolação”. No caso (ou case, no sentido mercadológico) das Tanxugueiras no Festival de Benidorm, não há outra expressão possível: elas saíram do distrito de Valência com apoio popular irrestrito e uma carreira brilhante pela frente.

Destaque: Chanel é a representante da Espanha no Eurovision

Durante o evento, as galegas se mantiveram na ativa e lançaram dois singles: Cambia Todo (uma canção de Muerdo) e Averno, em parceria com o colega de competição Rayden.

E se vale o ditado que toda dose de injustiça se converte em aclamação no futuro, podem servir o sucesso, os aplausos, as vitórias. Aida Tarrío e as gêmeas Olaia e Sabela Maneiro levaram a Benidorm a única apresentação 100% pensada para o Eurovision Song Contest, em Turim, no mês de maio.

Viscerais, as três mostraram que a Espanha poderia apostar em suas raízes no festival europeu. Mas o folclore não agradou os jurados, gerando uma polêmica poucas vezes vista nas seletivas espanholas. Corre nos bastidores a versão de que a TVE queria Rigoberta Bandini – e seu feminismo caricato – na Itália. Polarizaram tanto que a vitória caiu no colo de Chanel.

Não há explicação plausível para o resultado das Tanxugueiras entre os jurados (lembrando que elas sempre estiveram à frente no televoto). Penúltimo lugar na primeira noite, atrás até da apresentação data das Azúcar Moreno e Postureo. Quarto lugar na final, empatadas com o pop comum de Xeinn, à frente apenas de Varry Brava e Gonzalo Hermida.

“O resultado que o júri (ou a TVE?) quer”, dizem de forma uníssona os espanhóis. Parece que foi uma competição de cartas marcadas.

Após a primeira apresentação, as Tanxugueiras foram duramente criticadas por sua puesta en escena. “Não conversam com a câmera”, disseram. “Parecem coros”. “Os bailarinos são dispensáveis”. A pressão de mudar tudo para a segunda noite não foi colocada sobre nenhum outro concorrente, mas elas foram lá e fizeram todos as correções possíveis. Ainda sofreram com um problema no retorno na final, algo que não ocorreu com nenhum outro competidores. Ainda assim, impecáveis.

Pouco se falou, por exemplo, do high note arrebatador de Olaia. Do vocal em perfeita sintonia liderado por Sabela. Da elegância da dança de Aida. Nenhum outro concorrente teve tantos erros apontados em seus rostos, nenhum outro artista precisou ser tão criterioso para evoluir em dois dias.

Benidorm não é Eurovision. Qualquer ajuste poderia, tranquilamente, ser feito entre um festival e outro, com intervalo de quatro meses. A avaliação era sobre o potencial eurovisivo. Ou Rigoberta Bandini foi irretocável na semi 2? Longe disso. Tampouco Chanel teve uma apresentação perfeita na abertura. A cobrança da perfeição recaiu apenas sobre as Tanxugueiras, que tiveram Covid antes do festival e pouco puderam ensaiar.

A diferença entre os votos do júri nacional e internacional coloca mais lenha na fogueira das polêmicas. A nota geral foi baixíssima e injusta, e a culpa recai sobre as três representantes espanholas entre avaliadores. Mais experientes no certame eurovisivo, os dois estrangeiros conferiram notas mais altas às galegas, mas não foi suficiente para elevar a média.

Além da clara falta de olhar para o ESC, o júri não soube ouvir a voz do país. A Tanxugueiras foram as favoritas do público em todas as noites em que participaram. Elas foram o fenômeno pré-festival e, certamente, vão amealhar mais streams e hits daqui por diante. Enquanto Benidorm precisa rever seu sistema de votação e, principalmente, seus jurados, para elas NON HAI FRONTEIRAS.

A Espanha perdeu sua chance de TOP 10 no Eurovision. Os portugueses querem o trio no Festival da Canção. Os números não param de crescer nas plataformas digitais. Elas são o futuro.

Relembre a apresentação das Tanxugueiras na final do Festival de Benidorm

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