O novo single do Pablo Alborán, Carretera y Manta, ainda nem chegou ao mercado, mas já está dando o que falar. Com estreia prevista para o dia 15 de julho, a música inédita mostra que o espanhol insiste na fase mais despojada e leve, a exemplo do que já tinha feito no tema anterior, Llueve Sobre Mojado.

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Não há nada de errado em experimentar. Pelo contrário, sair da zona de conforto é, geralmente, a prova de fogo para o talento de muitos artistas. Uma prova que, até agora, Alborán não gabaritou.

O preview de Carretera y Manta deixa à mostra mais do que a tentativa de que emplacar um hit de verão, algo bastante comum no mercado europeu. Mostra que ao sair de seu estilo, o cantor e compositor de 33 anos perde a essência, se perde e confunde. Não é pedir a ele que insista em baladas por toda a vida, é só que mantenha em qualquer ritmo a qualidade lírica e poética que o trouxe até aqui.

Algo que, por exemplo, Manuel Carrasco fez com maestria. A música pode ser agitada, feliz, mas não precisa parecer escrita em rimas pobres, previsíveis e rasas. É possível manter a intensidade e a sensibilidade mesmo em versos que não falem de amor, mesmo em melodias feitas para dançar.

De longe, a impressão é que Pablo Alborán nasceu para falar sobre desamor. Tentou ir por um outro caminho, o que é louvável e digno de aplausos, mas não deu certo. E tudo bem se arriscar, perceber que aquela não é a sua trajetória e voltar de onde tinha parado.

Alguns fãs já reclamam da nova etapa desde o lançamento do decepcionante, para dizer o mínimo, álbum Vértigo (2020). Um disco que não tem resquícios do sucesso Terral (2004), escrito e cantado pelo mesmo artista. Nem de Prometo (2017), que fez a ponte entre as duas fases. O Alborán de hoje é uma sombra do Alborán de outrora.

O artista que se consagrou há mais de uma década não se rendia a modismos ou números. Era potente no sentimento, na voz. Metafórico. Inteligente. Jamais se permitiria ficar na superfície. O exemplo mais clássico, para mim, é Pasos de Cero, uma canção que estava muito distante do seu repertório da época, experimental, mas que manteve a alma. Em oito anos, as pessoas mudam, os gostos mudam, mas a estrutura segue – ou precisa seguir – intacta.

Se a fase é de tatear novidades, que seja daquele jeito: sem perder a identidade e cair na armadilha do mainstream. Pablo Alborán é muito maior do que isso.

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