Desde os primórdios, os festivais no Brasil (a.k.a Rock In Rio) sempre foram uma oportunidade de ver artistas internacionais em ação, geralmente a preços acessíveis e no atacado. Nos últimos anos, Lollapalooza e Primavera Sound iniciaram um movimento para abrir espaço a uma cena mais alternativa, ainda que privilegiando o mainstream na posição de headliner. O The Town chegou para inverter totalmente a lógica: hoje, com raríssimas exceções, os artistas nacionais é que são produto de exportação.

Uma das exceções encerrou a primeira edição do evento ontem: Bruno Mars. Nesse pacote ainda cabem Rihanna, Taylor Swift, Beyoncè, Lady Gaga, Adele, Dua Lipa, Olivia Rodrigo e mais um nome ou outro, fazendo um grupo seletíssimo de artistas que valem um investimento astronômico com garantia de retorno.

Entre os contratados como principais atrações do The Town, apenas o havaiano, Foo Fighters e, quiçá, Demi Lovato, tenham correspondido 100% às expectativas. Enquanto Maroon 5 fez uma apresentação pífia e Post Malone foi mais do mesmo, ambos cumprindo tabela de sua longa agenda de shows pelo mundo, os nossos artistas se esmeraram em produções que se encaixariam em qualquer super festival lá fora.

Ludmilla, Jão, Gloria Groove, Iza, Pitty, Pabllo Vittar (não necessariamente nessa ordem) entregaram os melhores shows do The Town. E, consequentemente, criaram um problemão para a Família Medina, que já anunciou as datas do Rock In Rio de 2024 e anunciou a segunda edição do festival paulista: vale a pena investir rios de dinheiro em caras saturadas, apresentações manjadas, apenas pelo “pedigree”?

A síndrome de vira-lata tem se mostrado ineficiente edição após edição do RiR, e voltou a acontecer no The Town. Os palcos principais podem, com tranquilidade, serem equalizados entre bons nomes internacionais (pausa para enaltecer o show do Ne-Yo) e a excelente cena pop contemporânea que já provou dar conta do recado.

Assim, os ingressos talvez coubessem melhor no orçamento e a estrutura seria mais cômoda à audiência. Não adianta pagar cachês de milhões e oferecer uma experiência de centavos. Que o Palco Mundo no RiR também seja nosso. E o Sunset, quem sabe, abra espaço à sonhada diversidade e inclusão da cultura latina.

O The Town mostrou que a hora é de renovação.

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