O primeiro fim de semana do The Town mostrou que o festival primo do Rock In Rio veio para ficar. Se a estrutura ainda tem muito a melhorar, o line-up mostrou mais diversidade e conseguiu um headliner como há tempos não se via no Brasil, o impecável Bruno Mars, e muita abertura ao rap e ao hip hop brasileiro.

Artistas como Matuê, Racionais MCs, Criolo e Planet Hemp desfilaram pelo Palco The One, o segundo mais importante do Autódromo de Interlagos, nos primeiros dois dias de evento, com ótima recepção de público e crítica.

O senão, mais uma vez, fica para a ausência de representantes do mercado latino hispano-hablante. E as opções eram muitas: desde os ícones atemporais Shakira, Daddy Yankee e Ricky Martin, passando pelas estrelas ascendentes Rosalía, Maluma, J Balvin, Lali, Tini, até chegar aos dois nomes mais importantes do nicho na atualidade: Karol G e Bad Bunny.

Nascendo como símbolo de inclusão e representatividade, seria emblemático ter ChocQuibTown, Morat, Camilo, Residente, ainda que naquelas linhas bem pequenininhas do cardápio amplo, porém seletivo.

O problema, certamente, está nos seus gestores. A Família Medina, dona tanto do Rock In Rio, quanto do The Town, já mostrou resistência aos latinos, mesmo na era do fenômeno Despacito. Por lá, já tivemos alguns prêmios de consolação esporádicos, sempre com entrega além da expectativa para o conservadorismo de seus idealizadores. Jovanotti, Bomba Estereo, Maneskin, e a própria Shak são exemplos disso.

The Town, fechando os olhos para o que acontece além do mainstream anglo, já nasce retrógrado e refém de um vórtice que levará sempre aos mesmos nomes. Maroon 5, que toca no próximo sábado, já é um exemplo desse círculo que, se não cortado, levará ao clubinho Medina visto no RiR.

A primeira edição do festival paulista foi certeira nas atrações nacionais, principalmente no som contemporâneo de Luísa Sonza, Ludmilla, Jão e Iza, e pecou no que poderia ter trazido lá de fora (à exceção de Bruninho e Demi Lovato). Além de rever todas as questões estruturais, esse deve ser o ponto a ser revisto para o futuro. O RiR não é o único exemplo a ser seguido. Pelo contrário: o festival perfeito teria um pouco dele, um pouco do Lollapaloza, um pouco do Primavera Sound, e todo mundo seria feliz.

Afinal, ninguém quer um produto novo sendo cópia do que já existe e se mostra saturado. O mercado pede algo diferente. E isso ninguém viu no The Town.

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