As opções eram muitas. Desde os ícones Shakira, Ricky Martin e Enrique Iglesias, passando pelas estrelas ascendentes J Balvin e Maluma, até o fenômeno Luis Fonsi e Daddy Yankee, não faltavam nomes fortes do mercado latino para integrar o lineup do Rock in Rio.

O lide acima foi escrito para a edição do festival de 2017, mas segue atual cinco anos depois. Se naquele ano ainda tivemos Bomba Estéreo como único representante latino, em 2019 fomos a zero. Um tapa na cara da indústria, dos números, da tendência, da representatividade. Neste ano, teremos o fenômeno Måneskin quase como um prêmio de consolação no Palco Mundo.

E Camila Cabello, que segue a linha mezzo a mezzo entre o mundo latino e anglo. É pouco, muito pouco.

Temos Bad Bunny, que nunca se apresentou no Brasil, arrebatando prêmios de Artista do Ano em quase todas as premiações de música, não apenas as dedicadas aos latinos. Temos Anitta – a nossa Anitta – que poderia repetir sua participação da última edição, já que vive o melhor ano de sua carreira.

Não sobrou nem para o palco Sunset, a série B do evento musical mais importante do planeta, que em anos anteriores já recebeu o italiano Jovanotti, por exemplo. Ou Lali e Dvcio no Supernova na edição passada. Nada. E por puro conservadorismo, medo de inovar da família Medina, idealizadora e organizadora do Rock In Rio.

Retrógrado, o festival cai numa irritante mesmice. O evento se segura em figurinhas carimbadas como Iron Maden, Ivete Sangalo, CPM 22 que, por mais sucesso e por mais que a gente goste, poderiam ceder seus lugares ao que realmente domina a música atualmente.

Desde que ignorou Despacito, em 2017, o festival repete erros que não têm reparação. O primeiro fim de semana mostrou um lineup sem sal, viveu o drama de Justin Bieber e o quase cancelamento a poucas horas de sua apresentação, provando que o RiR vive refém do passado e do mainstream.

Se você se vende como o principal evento musical do planeta, precisa estar antenado ao mercado. A família Medina está com os olhos vendados, pelos visto. Fechar sua porta à música latina é, deixando de lado a sutileza, uma grande imbecilidade. Imaginem Daddy Yankee passando por aqui em sua tour de despedida? Rosalía, que lotou seu show em São Paulo, não seguraria o festival?

A fórmula está ficando desgastada e essa era a edição com mais uma chance de virada. Perderam o timing e a oportunidade de mostrarem que caminham lado a lado com o que os fãs pedem. 

  • atualizado às 19h12

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