Se em 2017 a febre Despacito fez com que muitos artistas do mundo pop migrassem para a música urbana, em 2023 o arrefecimento do reggaetón abriu espaço para um novo campo de experimentação: as rancheras. Ou, sob um guarda-chuva maior, a música regional mexicana.

Nas últimas semanas, nomes como Shakira e Ricky Martin lançaram colaborações com nomes importantes desse mercado: Fuerza Regida e Christian Nodal. Thalía, embora não tenha confirmado, deve estrear seu novo single, Bebé Perdón, no mesmo gênero nesta quarta-feira. Maluma é outro nome que vem flertando com os ritmos mais tradicionais do México, tal e qual Marc Anthony, que acaba de lançar Ojalá Te Duela ao lado de Pepe Aguilar.

Sem contar na revelação do ano, Peso Pluma, que tem se tornado uma espécie de embaixador da mistura do regional mexicano a outras tendências do mercado latino. Sua parceria com Eslabon Armado em Ella Baila Sola conta com quase 900 milhões de reproduções no Spotify. O lançamento aconteceu em 16 de março e rendeu a indicação a Canção do Ano no Grammy Latino, entre outras categorias.

No YouTube, o vídeo tem 380 milhões de acessos.

Luis Miguel, rei das baladas, do bolero, já tinha trazido o som mariachi no álbum México Por Siempre (2017). Esse, aliás, é seu último álbum de estúdio.

A música regional mexicana

Música regional mexicana ou regional mexicana é um termo midiático que surgiu no início da década de 1980, nos Estados Unidos, para definir homogeneamente as produções musicais dos subgêneros regionais da música country no México.

No Spotify México, 20% das reproduções são do gênero regional, que possui vários subgêneros; cada representante de uma determinada região e a popularidade de cada um varia de acordo com o território no México e nos Estados Unidos. Polka, vals, ranchera, corrido, son mexicano, huapango estão sob esse vasto leque melódico.

Juan Gabriel, Joan Sebastián, Vicente Fernández, Chavela Vargas são alguns dos nomes mais importantes desse nicho nas últimas décadas, exportando as tradições do México para o mundo.

O que mudou?

Ainda é cedo para medir o impacto dos lançamentos atuais no mercado como um todo, principalmente no longo prazo. Mas já é possível cravar que estamos diante de uma nova tendência.

Em 2023, as rancheras mexicanas são o pop. Chegam renovadas com instrumental moderno e despidas dos preconceitos etários de até outro dia: ouvir o regional mexicano, no momento, é coisa de jovem, sim!

O gênero sempre esteve aberto às mesclas culturais – Rocío Durcal, que misturava ranchera com flamenco no passado é um exemplo disso – e agora experimenta a fama globalizada, glamourizada dos números exorbitantes que estava entregue ao reggaetón até outro dia. Resta saber se vai conseguir chegar ao platô do urbano, que deixou de ser modinha para se tornar referência.

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