Entre Vibras, Oasis e Colores, J Balvin viveu o auge e o limbo criativo. Enquanto os dois primeiros foram sucesso de crítica, o último patinou no mercado que ainda tateava o mundo da pandemia. Aliado à recaída dos problemas emocionais, parecia que o colombiano teria dificuldades para retomar a velha forma.
Há em J Balvin, contudo, uma aura que transcende o artista hitmaker e o mainstream. Como poucos, ele consegue entender como funciona o mercado e qual é a sua variável dentro dessa equação.
E, como Fênix, na vida e na arte, ele renasce. Papai recente, o embaixador da música urbana raiz de Medellin reencontrou o equilíbrio entre a boa música, os números e a felicidade pessoal, traduzido em seus dois últimos lançamentos: In Da Getto, que chegou às plataformas digitais no início de julho, e Wherever I May Roam, que fará parte do álbum The Metallica Blacklist, previsto para setembro.
O cover da banda de rock foi publicado nesta quarta-feira (21) para comprovar a genialidade de J Balvin. Reggaetón de calle misturado ao metal pesado, tudo em perfeita harmonia, e na faixa mais surpreendente do projeto comemorativo dos norte-americanos.
Veja Wherever I May Roam, do Metallica, com J Balvin
Já em In Da Getto, ele buscou diversão e números. J Balvin, aliás, é um mestre da era do stream. Atualmente, ocupa o TOP 3 entre os latinos mais ouvidos do Spotify, referência do mercado, ao lado de Bad Bunny e Ozuna. Na última aferição, realizada em 19 de julho, Balvin tinha 20,1 bilhões de lead streams em 203 faixas na platafoma; 7,9 bilhões de featured streams, números que o colocam à frente de BTS e Kanye West, por exemplo.
Bad Bunny soma 23,9 bi e 5,6 bi em lead e featured streams (135 tracks), enquanto Ozuna contabiliza 17,5 bi e 6,4 bi em 200 tracks.
In Da Getto nasceu sem pretensões e mostra, dia após dia, que é um grande acerto dentro do repertório atual de J Balvin, mais focado em letras.
Há em In Da Getto algo que J Balvin tinha perdido no álbum Colores: essência. O cantor das rimas, das letras elaboradas, das metáforas, das críticas, da referência social está de volta. Mais do que isso, ele conseguiu o mix perfeito do artista formado pelo reggaetón de calle ao ídolo mainstream.
- A música cola. O refrão é pegajoso. Tem aquele “quê” de flerte com a irritante repetição da rádio mental e não sai da cabeça. Pela primeira vez em alguns anos, Balvin conseguiu juntar todos os seus melhores ingredientes na mesma forma.
Para isso, ele conta com a colaboração de Skrillex e o sample de In The Ghetto, da americana Crystal Waters, que estourou em 1996 em uma versão remixada do Bad Yard Club. O clipe é um capítulo à parte, com as participações dos tiktokers Mufasa e Khaby Lame, traz animação, humor e gatilhos em tempos de pandemia. Tudo com a assinatura de Alfred Marroquín.
Tudo para trazer à tona o melhor J Balvin dos últimos tempos.