Quando o Primavera Sound revelou seu line-up, dois tipos “analistas” surgiram: who Amaia? e why Amaia?. Quem é Amaia ou por que a espanhola na primeira edição do festival no Brasil?
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E o mais importante: o que traz a ganhadora do Operación Triunfo ao país antes do fenômeno Bad Bunny, para fazer a comparação mais mercadológica e com quórum analítico.
Faltam linhas para citarmos nomes que deveriam chegar ao Brasil antes dela: sua companheira de reality show, Aitana, é um exemplo. De Morat a Rauw Alejandro, há um sem número de opções capazes de agradar quem segue o mercado de streaming e a indústria latina raiz.
O LatinPop Brasil entrou em contato com a produção do Primavera Sound para tentar entender como chegaram ao nome da espanhola de Pamplona. Até o momento, não obtivemos retorno. Nada contra o talento da artista de 23 anos, que tem no currículo uma participação no mínimo esquecível no Eurovision Song Contest de 2018.
Dá para dizer que a escolha aconteceu pela precificação. Amaia deve ter cobrado barato para fazer sua estreia no Brasil e, por isso, pode ter entrado no radar para montar a difícil planilha de gastos de um evento desses porte. Mas quantos outros artistas mais relevantes no nicho latino por aqui não teriam feito o mesmo?
Há ainda quem diga que sua passagem pela América do Sul exatamente na mesma época do festival teria facilitado o acordo. Resta, então, a ação de empresários. Ela é figurinha carimbada do mesmo festival na Espanha.
Amaia tem 1,6 milhão de ouvintes mensais no Spotify, a maioria concentrada em seu país natal. Não dá para dizer sequer que ela tem grande apelo na América Latina. Não tem.
Vão condenar esse texto dizendo que a gente precisa abrir espaço à cultura hispano-hablante no Brasil, seja com quem seja. E eu serei obrigada a discordar. Um nicho tão mal cuidado por gravadoras e promotoras de eventos em território nacional deve levar em consideração o desejo magno do público.
Amaia deve ser a artista mais desconhecida a pisar no Brasil em anos. Amaia, seja qual for o motivo de sua presença no line-up do Primavera Sound, ocupará o lugar de muitos nomes almejados pelos fãs de música latina no país. Bad Bunny é o auge, mas e Pablo Alborán, para ficarmos nas fronteiras espanholas? Os vizinhos Lali, Tini, Paulo Londra, Cazzu, Tiago PKZ, María Becerra, para reduzirmos os custos de traslado?
A conta não fecha. O Primavera Sound tinha uma oportunidade de ouro para levantar a bandeira da popularização da música latina no Brasil, mas deu um tiro no pé. E outro na Amaia, que chegará e sairá do país com promoção zero, tão desconhecida como chegou. Para quem gosta da alcunha de festival alternativo, o evento fica como exemplo de quem desperdiçou melhores alternativas.