Priscila Bertozzi 
“Foi a pior ideia do mundo”. Com essa frase, JLo definiu sua apresentação conjunta com Shakira no Super Bowl de 2020 durante o documentário Halftime, que estreará na Netflix no próximo dia 14 de junho.
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A estrela faz referência à produção do evento e a questões sociais, como machismo e xenofobia. Algo como se para valer um americano, fossem necessárias duas latinas mulheres para um tempo curto de evento. A ideia da “collab”, aliás, nunca foi explicada pelos organizadores do show.
A linha de raciocínio de JLo é muito lógica. Disse ela: “Temos seis minutos. Temos 30 segundos de uma canção e se pegamos um minutos, isso é tudo, faltam cinco. Temos que ter nosso momento. Não será uma maldita revista de dança. Essa é a pior ideia do mundo, que duas pessoas atuem no Super Bowl”.
Logo após a divulgação deste trecho do filme, as redes sociais entraram em completo alvoroço. Como poderia Jennifer Lopez ser tão insensível e colocar em xeque a performance de Shakira, que vive um momento pessoal delicado após a separação de Gerard Piqué, seu marido por 12 anos e pai de seus dois filhos, Milan e Sasha.
Há, sempre, uma necessidade de fomentar a rivalidade feminina. Os fandoms de uma e outra passaram o dia confrontando versões sobre o assunto. Tanto uma, quanto a outra tinham cacife para segurar o intervalo mais caro da TV americana sozinhas. E foi sobre isso que a Diva do Bronx dissertou.
A suposta, e ultrapassada, guerra de egos entre mulheres abafou falas muito mais importantes de JLo, como a participação de sua filha Emme naquele evento: “Para mim era uma questão de direitos humanos”.
Em pleno 2022, embora o contexto social global deixe claro que interpretação de texto não é o forte do mundo em que vivemos, não há espaço para uma rixa inexistente, um debate raso sobre duas das maiores mulheres da indústria musical contemporânea. É preciso olhar as entrelinhas: JLo alçou voz contra o machismo, contra questões raciais, não contra Shakira.
Aos homens, aos astros e estrelas americanas, o protagonismo é assegurado, não importa sua posição em charts ou a importância para a indústria. É assim e ponto, e isso é que precisa vir aos holofotes.