Quando um artista brasileiro resolve abraçar o mercado latino, não vou mentir, a expectativa é sempre por um show de obviedades e estereótipos. Claudia Leitte, embora já tenha acertado muitas vezes nesse mundo portuñol, optou pela zona de conforto em muitas ocasiões.
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Confesso que a parceria com Joey Montana não trazia a expectativa de novidade. Mais um reggaetón, mais uma mistura pop e urbana, mais uma música para fazer números.
A primeira audição de Samba Lento, que leva a assinatura do produtor uruguaio Cabrera, foi tão surpreendente que precisou ser sucedida por outra, e outra, e mais uma, e várias outras para que, por fim, eu ficasse 100% convencida – e não apenas estupefata – por estar diante de uma lufada de frescor tão necessário, e ao mesmo tempo escanteado, na união entre Brasil e América Latina.
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Há uma leveza ímpar na construção melódica do single, sem a necessidade de fazê-lo caber dentro de um molde pré-estabelecido. É samba, é pop, é MPB da melhor qualidade. Com uma salpicada de urbano, talvez a mais elegante já vista nos últimos anos por aqui.
Se fosse capaz de resumir a obra, Claudia Leitte fez com que Joey Montana cantasse música brasileira, não o contrário.
O clipe é um capítulo à parte. Claudinha é sensual por si e conseguiu transformar todo o seu apelo na mais “classuda” expressão da mulher brasileira. Sem pirotecnia, com a interatividade possível em tempos de pandemia, o vídeo assinado por Mess Santos sobressai pela simplicidade e acabamento estético impecáveis.
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Talvez não seja um hit. Talvez não seja a música mais executada da brasileira nas plataformas de streaming. No mercado esmagado pelos números, Samba Lento vai ficar registrado como um oásis de delicadeza, singularidade e destreza artística.
A melhor Claudia Leitte latina que já vimos.