Você pode até, assim como eu, não ser da geração RBD. O que você não pode é menosprezar o fenômeno que foi a banda formada por Anahi, Maite Perroni, Dulce María, Christopher Uckermann, Christian Chávez e Alfonso Herrera nos anos 2000, tanto em números de vendas, quanto na relação com o público.
Rebelde, a novela, foi reprisada três vezes aqui no Brasil, a praça mais apaixonada pelo produto em todo o mundo. Em todas elas, conseguiu cooptar milhares e milhares de fãs. Pessoas que aprenderam um novo idioma e passaram a consumir a música em espanhol a partir do momento que entraram em contato com o repertório do grupo e, gradativamente, ampliaram seus catálogos e gostos para outros artistas.
Seria leviano, contudo, analisar o RBD como um acontecimento pontual e nichado. Ou como um evento dentro das fronteiras latinas. Tanto não é que seus integrantes acabaram protagonizando produções em grandes empresas de streaming, fato que levou, por exemplo, ao afastamento de Poncho dos projetos atuais. O RBD abriu ao sexteto as portas do mundo. E o mundo se abriu ao grupo.
Também seria leviano dizer que o maior fenômeno latino deste século foi Despacito, o hit de Luis Fonsi que tem mais oito bilhões de views no YouTube e foi uma das músicas mais executadas no globo dos últimos seis anos. Aquele sim foi um fato pontual e efêmero. O RBD é perene, eterno. Prova disso é que o reencontro acontecerá depois de mais de 15 anos sem shows. Nesse intervalo, não houve um fã que soltasse a mão dos membros da formação. Nem um do outro.
O fandom é tão coeso, hermeticamente fechado a críticas, que parece um metaverso. No mundo RBD é como se o tempo não tivesse passado, todos eles estivessem juntos, gravassem e lançassem músicas com frequência, estivessem na mídia diariamente com seus trabalhos. É uma realidade paralela e distante das aparições, até agora, proporcionadas muito mais por suas vidas pessoais.
É de se admirar que um grupo de pessoas – diversas, de origens, gêneros, raças e classes diferentes – tenha se mantido unido por duas décadas. E não existe uma explicação lógica e racional para isso. É amor puro.
Pode fazer a lista de bandas populares dos últimos tempos: One Direction, BTS, Jonas Brothers, Fifth Harmony… pode colocar quem quiser nesse balaio: nenhuma delas seria capaz de gerar o buzz do RBD tanto tempo após a sua separação.
Essa fase termina hoje, às 22h, com o anúncio de muitas coisas que ainda nem sabemos. A tour é uma certeza, mas será que haverá disco, música nova ainda nesta noite, quantas serão as datas, por quanto tempo estarão reunidos… Muitas dúvidas e uma convicção: o anúncio de logo mais será mais do que um retorno musical, será o resgaste de uma etapa de sonho e magia.
Magia. Essa, talvez, seja a única palavra capaz de definir o RBD.