Eis que Rosalía voltou ao TikTok para mostrar mais um trecho do álbum Motomami, ainda sem data de lançamento, e Hentai veio para provar que El Mal Querer não passou de um delírio coletivo.
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O último bom trabalho da catalã – e nem tão bom assim – foi a parceria com J Balvin em Con Altura. Ali já dava para perceber que o icônico álbum tinha ficado para trás com seu folclore, história e uma das melhores fusões do pop com o flamenco já vistas na música contemporânea.
Natural que, depois do boom, ela flertasse com ritmos internacionais, com o mercado americano, mas ninguém imaginava que ela deixasse a cultura anglo suplantar sua cultura, sua raíz.
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Antes de dissertar sobre o tema, fica o trecho de Hentai para que você, leitor, possa tirar suas próprias conclusões. Muita gente vai dizer que é um conceito, vanguarda, porém não. É uma amontoado de palavras que, juntas, têm 0 nexo. Uma viagem de ácido que dói nos ouvidos de quem algum dia já exaltou Malamente.
Ouça o preview de Hentai cantado por Rosalía
Diante da chuva de críticas, Rosalía resolveu se manifestar com a ironia de quem subiu em um pedestal muito antes do tempo.
Rosalía, estávamos melhores quando você mandava o TRA TRA. Está difícil te defender.
Ouça o trecho de Saoko AQUI, outra faixa de Motomami!
Há uma teoria corrente de que o sucesso de El Mal Querer está nos bastidores, não exatamente em sua intérprete. À época, Rosalía namorava C. Tangana, finalmente aclamado no ano passado com o álbum El Madrileño, e que teria colocado seu dedinho (as mãos, os pés) na produção da companheira. Curiosamente, o fim do relacionamento coincide com nova fase da artista e singles como Linda.
As próprias parcerias com Billie Eilish ou The Weeknd se salvam apenas no hype dos parceiros. Falta criatividade, falta essência, falta identidade a Rosalía, perdida em um personagem que talvez nunca tenha existido.
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Hoje, a impressão que fica é que a cantora está mais preocupada com o mainstream, com show business, com as amizades kardashianas, do que com o seu legado. A Rosalía de El Mal Querer não existe mais e essa seria uma constatação positiva se ela tivesse subido degrau, elevado o padrão, colocado a régua mais alta. Está claro, contudo, que se não houver uma condução radical nos bastidores, o segundo disco (sucessor do bom Los Ángeles) foi seu ponto alto artístico.
Mais do que uma crítica, esse é um lamento. Do fundo da alma, como costumavam ser as músicas da artista nascida em 1993, com um futuro brilhante perdido para o mundo de fantasia de Hollywood. A música chora.
Volta, Rosalía!