Motomami era, sem dúvida, um dos álbuns mais esperados da temporada. Os fãs estavam ansiosos por apreciar a nova fase da Rosalía. Os detratores também.
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O álbum entrega para os dois lados: para quem segue a artista, alguns pontos podem levá-la ao posto de vanguardista. Sim, eles estão lá. Os haters, por sua vez, têm N razões, principalmente do ponto de vista lírico, para criticar.
Fato é que não há mais traços da espanhola que encantou o mundo com El Mal Querer. Aquela artista que exalava pertencimento, tradição e frescor não existe mais. A nova Rosalía é alguém que não olha para o espelho, mas para os charts, os números e a consagração. Com isso, perdeu a genuinidade dos primeiros passos da carreira.
Não é possível dizer que Motomami só tenha defeitos. Melodicamente, ainda traz resquícios de outrora, principalmente nas faixas mais lentas. O X da questão está nas letras, empobrecidas não só comparada a EMQ ou Los Ángeles, mas com todo o universo urbano, sempre criticado nesse aspecto. E não falamos aqui sobre a pura sexualização, cuja utilização é pessoal e intransferível no feminismo: é a sexualização banalizada em rimas vazias, exigindo um exercício metafórico descomunal para que seja razoavelmente entendida.
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O que também não dá para dizer que é Rosalía seja covarde. Colocar esse álbum no mercado depois de seus últimos trabalhos é, definitivamente, um ato de coragem. Não entendam como crítica ou deboche, é corajoso mesmo. E aí reside o caminho para que indústria e fãs falem em pioneirismo quando, na verdade, a discussão deveria ser sobre a americanização de um produto que tinha tudo para ser lendário, justamente, por sua essência hispânica. E não há equação dialética capaz de devolvê-la a esse posto.