No MTV VMAs 2025, Sabrina Carpenter saiu com o prêmio de Álbum do Ano por Short n’ Sweet e também venceu como Melhor Artista Pop. O reconhecimento reflete seu crescimento contínuo e domínio no pop mainstream. Mas será que foi a escolha correta, justamente no ano em que Bad Bunny entregou coesão, conceito, ancestralidade e crítica em Debí Tirar Más Fotos?

Carpenter segue consolidando sua trajetória pop com Short n’ Sweet, recebendo inclusive o Grammy de Best Pop Vocal Album pela mesma obra. O álbum teve hits como “Espresso” e “Please Please Please”, bem-sucedidos comercialmente e elogiados por sua composição sofisticada.

Sobre seu trabalho mais recente, Man’s Best Friend, ela aposta numa mistura ousada de disco-pop, humor irônico e performances provocativas. Tá, mas já vimos isso várias e várias vezes ao longo dos anos. Mais do mesmo.

Mas e Bad Bunny? Incontestável!

Por outro lado, Bad Bunny entregou em 2025 um álbum com impacto cultural, político e musical — Debí Tirar Más Fotos. Crítico, pessoal e artisticamente profundo, o trabalho foi amplamente aclamado.

O álbum celebra a cultura porto-riquenha, incorporando gêneros tradicionais como salsa, bomba, plena e bolero com sonoridades urbanas e contemporâneas.

Foi descrito como uma “carta de amor à Porto Rico”, com produção que mistura modernidade e ancestralidade. Recebeu pontuação altíssima no Metacritic (95/100), e foi considerado “o melhor álbum de 2025 até agora” por críticos de todo o mundo.

No Pitchfork, obteve nota 8.8, uma das mais altas dos últimos anos, com classificação “Best New Music”.

Todas as 17 faixas do álbum chegaram à Billboard Hot 100, com três músicas entrando no Top 10 ao mesmo tempo — feito inédito para uma música em espanhol.

Bad Bunny própria fez questão de enfatizar que considera o álbum “o mais importante da sua carreira”, dedicando-o a Porto Rico, sua família e à América Latina

A vitória de Carpenter, sem dúvidas, é legítima dentro de seus rumos e conquistas. Mas, visto em perspectiva global, Debí Tirar Más Fotos se ergue como uma obra capaz de ecoar por gerações, carregando peso cultural, relevância social e um refinamento artístico raramente vistos no cenário mainstream latino e global.

Enquanto Carpenter oferece diversão pop, top nas paradas e com estética pop afiada, Bad Bunny entrega identidade, memória e resistência em cada batida. Não se trata apenas de um álbum comercialmente eficaz — ele transcende sua forma, vira documento histórico-sonoro.

Ignorar o impacto monumental de Bad Bunny em 2025 é, sim, mais uma pitada de xenofobia das premiações anglo. E, talvez, a gente já tenha que deixar “as barbas de molho” para o porvir: ainda que Debí Tirar Más Fotos seja uma obra emblemática e transcenda gênero, idioma e mercado, os críticos não ignoram sua latinidade. E onde já se viu latino vencer a estética Barbie americana? Acho que a gente está pedindo demais.

Está aberta, oficialmente, a temporada de passar raiva com os prêmios duvidosos e seus clubismos. Daqui até o Grammy Awards, em 2026, haja coração – e estômago.

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