Un Buon Inizio e Il Primo Passo Sulla Luna já davam o spoiler: Anime Parallele é, sobretudo, um álbum contemporâneo. Se a estética remete aos primeiros anos de carreira da Laura Pausini, há 30 anos, melodicamente as músicas trazem a italiana em uma versão pop, atual e moderna.
É uma produção bem cuidada tanto na escolha lírica, no conceito e nas letras. Gestado em meio à pandemia de Covid, ele traz a dualidade da celebração e da dor. Do visceral ao terno. E tem a assinatura vocal perfeita da artista revelada ao mundo no Festival de Sanremo de 1993.
Laura Pausini contou que foram três anos até que Anime Parallele estivesse finalizado. São cinco de distância, no total, para Fatti Sentire. A longa produção se faz presente na qualidade dos detalhes, principalmente no impressionante acompanhamento instrumental.
Durante os anos de expectativa, Laura fez uma turnê mundial, lançou filme biográfico, ganhou um Globo de Ouro, foi indicada ao Oscar, além de ganhar vários outros prêmios. 2023 marca o 30º ano de uma carreira incrível, que começou com uma maratona de shows feitos em 24 horas, em Nova York, Madri e Milão. Além disso, Laura Pausini é a Personalidade do Ano 2023 da Academia Latina da Gravação™.
Não é elegante falar sobre idade, mas a cantora está prestes a completar 50 anos em maio de 2024. O tempo parece ser apenas um pormenor: a mãe da pequena Paola está mais atual do que nunca e com ser aderir a modismos, como o urbano de Novo, o feat com Simone e Simaria, do trabalho anterior.
Até a parceria brasileira é mais alinhada à sua essência: Tiago Iorc, com quem faz uma ótima colaboração no single Durar.
“Este disco celebra o direito à individualidade do ser humano, como cidadãos que habitam o mundo e percorrem juntos os mesmos caminhos, mas com almas, sonhos e desejos diferentes. Por isso, se chama ‘Anime Parallele’ / ‘Almas Paralelas’. Almas que vivem no mundo, com infinitas possibilidades de caminhos, que assim como as faixas de pedestres, não necessariamente se cruzam, mas ainda assim criam paralelos. O verdadeiro objetivo é acolher até aqueles que não cruzam nosso caminho. Porque é fácil respeitar aqueles que conhecemos, mas tem que ser igualmente fácil respeitar aqueles que não conhecemos. Temos pontos de vista, culturas e ideias diferentes, por isso não somos as mesmas pessoas, e reconhecer esta diversidade é um valor e também um desafio”, conta Laura.
Num mundo de indiferença e julgamentos precipitados, Laura escolhe o caminho do respeito e da empatia, e promete mostrar mais uma vez o seu desejo de ser uma mulher forte. Mesmo com suas próprias preocupações e dúvidas, ela segue coerente consigo mesma e com o seu caminho, nunca deixando de se questionar.
A cantora complementa: “A pandemia nos obrigou a ouvir nossos próprios pensamentos e questionamentos, até que voltamos à vida diferentes de quem éramos antes. Almas Paralelas homogeneizadas pelo medo de exclusão, ainda mais distantes umas das outras e com menos pontos de encontro. Pensei em como eu queria sobreviver e enfrentar esta nova realidade. Não encontrei todas as respostas, mas continuo à procura delas. Neste processo, percebi que a única forma seria começar a olhar de fora, como se meus olhos estivessem acima de mim, acima de nós, pequenos seres humanos que caminham pelas ruas do mundo. Coloquei a individualidade e o direito de ser respeitado no centro de tudo e foi assim que criei o fio condutor que conecta todas as faixas do meu álbum.”
Seguindo esse conceito, Laura representa cada música por meio de um ou mais personagens, que interagem com um objeto diferente, e juntos se tornam seu símbolo, presentes nas faixas de pedestres, retratadas sob vários pontos de vista. Na versão standard, com uma foto de cima, como grupo na versão do vinil, e em cards individuais na versão especial deluxe.
Anime Parallele mexe com as emoções mais profundas e cotidianas em todas as suas 16 faixas. Merece a degustação lenta. A audição atenta. E, claro, os aplausos a Laura Pausini.