O sucesso global de Rosalía não passou despercebido no Brasil. A espanhola, que explodiu mundo afora com Malamente, virá ao país pela primeira vez em agosto.
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O show da Motomami World Tour está marcado para a Tokio Marine Hall (ex-Tom Brasil), em São Paulo, no dia 22/08. Clientes da seguradora que dá nome à casa poderão adquirir seus ingressos já na próxima semana.
Ainda não há informações sobre shows da Rosalía em outras praças. A extensão da turnê pode depender do fluxo de vendas dos ingressos na capital paulista.
Nascida na Catalunha, a artista tem 28 anos. Seu último álbum, Motomami, dividiu público e crítica: uma obra vanguardista ou decadente?
O álbum entrega para os dois lados: para quem segue a artista, alguns pontos podem levá-la ao posto de vanguardista. Sim, eles estão lá. Os haters, por sua vez, têm N razões, principalmente do ponto de vista lírico, para criticar.
Fato é que não há mais traços da espanhola que encantou o mundo com El Mal Querer. Aquela artista que exalava pertencimento, tradição e frescor não existe mais. A nova Rosalía é alguém que não olha para o espelho, mas para os charts, os números e a consagração. Com isso, perdeu a genuinidade dos primeiros passos da carreira.
Não é possível dizer que Motomami só tenha defeitos. Melodicamente, ainda traz resquícios de outrora, principalmente nas faixas mais lentas. O X da questão está nas letras, empobrecidas não só comparada a EMQ ou Los Ángeles, mas com todo o universo urbano, sempre criticado nesse aspecto. E não falamos aqui sobre a pura sexualização, cuja utilização é pessoal e intransferível no feminismo: é a sexualização banalizada em rimas vazias, exigindo um exercício metafórico descomunal para que seja razoavelmente entendida.
O que também não dá para dizer que é Rosalía seja covarde. Colocar esse álbum no mercado depois de seus últimos trabalhos é, definitivamente, um ato de coragem. Não entendam como crítica ou deboche, é corajoso mesmo. E aí reside o caminho para que indústria e fãs falem em pioneirismo quando, na verdade, a discussão deveria ser sobre a americanização de um produto que tinha tudo para ser lendário, justamente, por sua essência hispânica. E não há equação dialética capaz de devolvê-la a esse posto.